Instituto Argonauta atende pinguins-de-magalhães no litoral norte de São Paulo que são encontrados debilitados

Publicado em 25 de julho de 2023

Geralmente durante o inverno, a espécie percorre uma longa jornada. Esses pinguins aparecem nas praias da região, mas muitos chegam mortos e cerca de 20% chegam vivos, porém debilitados da viagem

Pinguim-de-magalhães sendo aquecido no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Argonauta em Ubatuba (Créditos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta)

Pinguim-de-magalhães sendo aquecido no Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) do Instituto Argonauta em Ubatuba (Créditos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta)

Imagine percorrer milhares de quilômetros a nado, desde a patagônia argentina, até o litoral norte de São Paulo. Parece ser impossível pensar que algum ser vivo seja capaz de tamanha façanha, mas quando se trata do pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), essa proeza não é impossível.

Todos os anos, eles migram da patagônia argentina até a região sudeste do Brasil,  em busca de alimento e, alguns indivíduos se perdem do grupo e por isso aparecem nas praias da região que compreende o litoral norte (Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba).

Durante a sua jornada migratória, os pinguins-de-magalhães enfrentam diversos desafios, e por esse motivo, muitos indivíduos acabam chegando à região debilitados ou mesmo sem vida. Do total de pinguins atendidos pelo Instituto Argonauta, através do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), aproximadamente 20% chegaram vivos. É o que explica a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no trecho 10 do Instituto Argonauta. “Nos últimos anos eles têm chegado muito debilitados, com muitos parasitas e acabam  morrendo rapidamente, na maioria das vezes antes mesmo do atendimento veterinário”, comentou.

De acordo com os dados da instituição, até o momento, dentro do PMP-BS o ano que contabilizou o maior número de ocorrências (vivos e mortos) envolvendo pinguins-de-magalhães foi o de 2020 (618). No entanto, cabe ressaltar que os dados da temporada de 2023 correspondem às ocorrências registradas até o dia 20 deste mês (107). A temporada dos pinguins na região iniciou em junho, mas o pico esperado, ocorre entre os meses de julho e agosto, e vai até outubro. No ano passado foram contabilizadas 166 ocorrências, enquanto que em 2021 foram 103.

Os dados são do Projeto de Monitoramento da Bacia de Santos (PMP-BS), trecho 10, do Litoral Norte de São Paulo. Dados de 2023 contabilizados até o dia 17/07/2023. (Fonte: Instituto Argonauta). 
Acesse: https://infogram.com/pinguins-de-magalhaes-1hzj4o3zdk7q34p

Os dados são do Projeto de Monitoramento da Bacia de Santos (PMP-BS), trecho 10, do Litoral Norte de São Paulo. Dados de 2023 contabilizados até o dia 17/07/2023. (Fonte: Instituto Argonauta). Acesse: https://infogram.com/pinguins-de-magalhaes-1hzj4o3zdk7q34p

Segundo o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto, os pinguins-de-magalhães permanecem na água durante a época não reprodutiva. “Vemos pinguins na região há muitos anos, a ocorrência desses animais na região é normal, o problema é quando não estão bem, e procuram sair da água para descansar e se aquecer. Como são encontrados muitas vezes fracos e debilitados e, necessitando de cuidados, aqui na região, eles são resgatados e encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba, para que depois de reabilitados sejam devolvidos à natureza”, ressalta.

Os pinguins-de-magalhães são aves marinhas com o corpo adaptado para viverem na água, mas não voam, e têm suas asas modificadas em nadadeiras. Alimentam-se principalmente de peixes, cefalópodes (como polvos e lulas), e pequenos crustáceos, (como krill). São predadores habilidosos na água, e usam suas nadadeiras e bicos para capturar suas presas. Ao contrário do que muitos imaginam, essa espécie de pinguim não é polar e, por isso, não está adaptada a baixas temperaturas.

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), o pinguim-de-magalhães está classificado no grupo “segura ou pouco preocupante”, (em inglês, least concern), que é a categoria de risco mais baixo. Espécies abundantes e amplamente distribuídas são incluídas nesta categoria. No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.

O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996, que resgatou diversos pinguins-de-magalhães nos anos em que estiveram presentes na costa da região.

Pinguins-de-magalhães resgatados nas praias do litoral norte são encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização do Instituto Argonauta em Ubatuba (Créditos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta)

Pinguins-de-magalhães resgatados nas praias do litoral norte são encaminhados para o Centro de Reabilitação e Despetrolização do Instituto Argonauta em Ubatuba (Créditos: Felipe Domingos/Instituto Argonauta)

Gripe aviária

Importante ressaltar que os animais atendidos não apresentam sintomas de gripe aviária, no entanto, os procedimentos de cuidado devem ser rigorosamente seguidos, para que os animais não sejam contaminados.

Além de não se aproximar do animal, ao encontrar uma ave morta ou viva debilitada, as orientações para garantir segurança em relação a gripe aviária, é, em caso de aves marinhas, ligar para o Instituto Argonauta (0800-642-3341 ou 12 99785-3615) e, em caso de aves terrestres, ligar para a Vigilância Sanitária de cada município.

É possível fazer uma observação distante, fotografando e filmando o comportamento do animal (para auxiliar às instituições no acionamento), mas não se aproximando em hipótese alguma. Também, se possível, tentar isolar a área e impedir o acesso de pessoas e animais, enquanto aguarda a equipe técnica. 

O que fazer ao encontrar um pinguim? ⠀⠀

Se o animal estiver nadando, não se aproxime!

Se ele estiver tentando sair da água, dê espaço, ele pode estar cansado. Agora, se o pinguim estiver na areia, é necessário chamar a equipe de atendimento;

Isole a área para manter o animal afastado de curiosos, cachorros e urubus;

Não o coloque em contato com o gelo ou dentro do isopor!

Relax para não o estressar. Nunca tente alimentá-lo!

Se possível fotografe sem flash! Toda informação é importante para auxiliar na preservação destes animais. 

Sobre o Instituto Argonauta

O @institutoargonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatuba.oficial) e reconhecido em 2007 como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades. 

Sobre o PMP-BS

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba.

Para mais informações sobre o PMP-BS, consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br 

Seja um Argonauta!

Venha conhecer o Museu da Vida Marinha @museudavidamarinha, na Avenida Governador Abreu Sodré, 1067 – Perequê-Açu, Ubatuba/SP, aberto diariamente.

Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800-642-3341 (horário comercial) ou diretamente para o Instituto Argonauta: (12) 3833.4863 – 3833.5789/ (12) 3834.1382 (Aquário de Ubatuba)/ (12) 3833.5753/ (12) 99705.6506 e (12) 99785.3615 – WhatsApp.

Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.

Conheça mais sobre o nosso trabalho em: www.institutoargonauta.org, www.facebook.com/InstitutoArgonauta e Instagram: @institutoargonauta

 

ASCOM ARGONAUTA

Carine Corrêa (MTB 67.657/SP)

Assessoria de Comunicação

E-mail: comunica@institutoargonauta.org

Endereço: Tv. Baitacas, nº 20, bairro Perequê-Açu, Ubatuba/SP – CEP 11.680-000

Telefone: (12) 3833.5789

Celular: (12) 99626.6922 – WhatsApp