Resgatado no interior do Maranhão, lobo-marinho chega à Ubatuba para reabilitação no Instituto Argonauta

Publicado em 21 de setembro de 2021

O lobo-marinho da espécie Arctocephalus tropicalis chegou à Ubatuba, no litoral
norte de São Paulo, na noite de sábado (11/09) e ficará sob cuidados da equipe do
Centro de Reabilitação e Triagem de Animais Marinhos (CRETA) do Instituto
Argonauta.

O animal, um macho juvenil pesando 29,3 kg, foi encontrado debilitado e resgatado
pelo IBAMA no Rio Mearim, em Arari, a 160 km de distância de São Luís, Maranhão,
no dia 7 de setembro.

Lobo-marinho estava no CETAS/IBAMA de São Luís (MA). Imagens: IBAMA/CETAS de São Luís/MA

O Instituto Amares recebeu o chamado da comunidade, comunicou a rede de
encalhes e em seguida o CETAS do Ibama de São Luís, e pediu apoio aos parceiros
para que a logística de resgate do animal fosse realizada o mais rápido e da melhor
forma possível para o bem do animal, o que foi prontamente atendido pela equipe da
Mineral Engenharia e Meio Ambiente.

Após receber os primeiros atendimentos veterinários, a equipe do CETAS do IBAMA
de São Luís concordou que seria mais adequado transferir o lobo-marinho para
receber os cuidados no Instituto Argonauta, que conta com equipe especializada no
atendimento à fauna marinha, e também por se tratar de uma espécie que é mais
comum de ser encontrada durante o inverno ao sul do litoral brasileiro. O caso foi
acompanhado também pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de
Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMbio).

Na chegada ao CRETA, o animal, além de magro, apresentava anemia e parasitas,
de acordo com os primeiros exames. “O animal está estável, porém serão
necessários novos exames para avaliar sua condição de saúde”, afirma Fabíola
Santana, veterinária do Instituto Argonauta.

É a segunda vez que um lobo-marinho da espécie é encontrado no Maranhão. No
ano passado,o Instituto Amares, a Mineral Engenharia e Meio Ambiente e o Instituto
Argonauta foram acionados para receber o animal, que morreu antes de ser
transferido. De acordo com o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto
Argonauta, trata-se de uma espécie cuja ocorrência no Maranhão ainda não havia
sido registrada, o que pode ser um indício de alterações na intensidade e no padrão das correntes marítimas.

Também não é comum sua ocorrência no litoral Norte de São Paulo.
“Estes são os registros dessa espécie mais próximos do Equador
que temos no Instituto Argonauta até o momento. Será preciso observar se esse
fenômeno, que é pontual, poderá se repetir e virar um padrão. Os efeitos das
mudanças climáticas podem estar alterando o padrão de circulação das correntes na
costa do Brasil”, afirma.

De acordo com a bióloga Carla Beatriz Barbosa, diretora executiva do Instituto
Argonauta, os lobos-marinhos da espécie Arctocephalus tropicalis são encontrados
em regiões costeiras subantárticas, e, no Brasil, podem ocorrer no litoral do Sul e do
Sudeste. Eles se diferenciam dos leões-marinhos pelo menor porte, focinho
alongado e pelagem mais macia. Alimentam-se de peixes, crustáceos, polvos e até
pinguins.

A operação logística para trazer o animal de Arari (MA) até Ubatuba (SP) contou
com o apoio da Infraero, nos aeroportos de São Luís e do Salvador Bahia Airport,
com o transporte realizado pela Gol Linhas Aéreas até o Aeroporto Internacional de
Guarulhos, São Paulo. De lá, seguiu pela estrada até a sede do Instituto Argonauta,
em Ubatuba. Toda a operação contou com apoio das equipes do Instituto Argonauta
e da Mineral Engenharia e Meio Ambiente, além dos especialistas do CMA/ICMBio,
IBAMA e Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais do município de
Arari/MA.

Animal é transportado pela Gol Linhas Aéreas, com apoio da Infraero
Imagem: Instituto Argonauta

Lobo-marinho é recebido pela equipe CRETA em Ubatuba. Imagem: Instituto Argonauta