Instituto Argonauta Resgata Albatroz em Ubatuba

Publicado em 25 de maio de 2016

Um Albatroz-de-Sobrancelha-Negra (Thalassarchemelanophris) foi resgatado pela equipe do Instituto Argonauta na tarde da última sexta-feira (20) na praia de Itamambuca, costa norte de Ubatuba. O animal apresentava uma lesão na asa direita e foi levado para o Centro de Reabilitação do Instituto, onde passará por uma análise mais detalhada.

Quem encontrou o animal foi o casal Marcelo e Florencia, turistas do Uruguai que aproveitavam o dia para surfar. Eles contaram que, ao avistar o albatroz, tentaram levá-lo para a areia, mas o animal se mostrou agressivo. “Eu vi que ele estava se afogando, mas não deixava encostar nele. Estendi minha prancha e ele subiu. Assim eu consegui trazer ele até a areia”, contou o turista, visivelmente feliz por ter ajudado a ave.

Com a chegada da equipe do Instituto Argonauta, foi constatado que se tratava de um animal juvenil, e apesar da lesão, o albatroz estava com boa integridade física. O veterinário Renan Klopfer, que realizou os primeiros atendimentos no Centro de Reabilitação, afirmou que o animal estava muito estressado por conta do ferimento e do transporte.

“A gente decidiu aguardar um pouco antes de iniciar os protocolos de estabilização e reabilitação, mas na avaliação inicial, na apalpação, não deu para sentir nenhuma fratura, apesar de ter um corte na região da asa. Nosso primeiro procedimento foi a limpeza da área, com solução fisiológica. A temperatura está estável e a ideia agora é estabilizar o animal”, explicou o veterinário.

Os profissionais do Instituto Argonauta destacaram ainda que, após alguns dias de estabilização, o albatroz passará por um exame de imagem para confirmar se existe ou não alguma fratura.

A Espécie

Durante o inverno, esses animais vêm ao Brasil em busca de alimentos como crustáceos, peixes e lulas. Nessa época, são avistados principalmente no sul e sudeste do Brasil. As Ilhas Malvinas são o ponto de origem de grande parte dos albatrozes-de-sobrancelha registrados no país.

Também chamados de Viajantes do Mar, os albatrozes sofrem com a captura não intencional pelos barcos de pesca industrial, que utilizam-se de uma técnica chamada espinhel pelágico para capturar peixes em grandes profundidades. Ao tentarem comer as iscas, os albatrozes ficam presos nos anzóis e acabam morrendo afogados.

O Albatroz-de-Sobrancelha-Negra é uma ave migratória de grande porte e atinge entre 85 e 90 cm, pesando de 3 a 5 kg. Sua envergadura, porém, pode chegar a 2,40m. Vive em alto-mar durante todo o ano, procurando terra apenas para se reproduzir.

Em 2015, a espécie deixou a lista de ameaçados em extinção e passou para a categoria de Quase Ameaçados.

Segundo o oceanógrafo e Presidente do Instituto, Hugo Gallo, “Embora a população desta espécie tenha se recuperado e deixado a lista de ameaçados de extinção, as ameaças como a pesca de espinheis e outras continuam, e o processo de reabilitação de um exemplar como este no Centro de Reabilitação do Instituto pode trazer a oportunidade de obtermos novos conhecimentos acerca da espécie, bem como aumentarmos, em nossa equipe, o número de veterinários habilitados a atender novos casos como este. Esperamos que ele se recupere e possa voltar logo para a natureza”.

Sobre o Instituto Argonauta

O Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha é uma organização não governamental sem fins lucrativos, fundada em julho de 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba. Foi criado com a intenção de captar recursos para projetos de conservação e pesquisa relacionados à preservação dos ambientes costeiros e marinhos. Sediado em Ubatuba, atua em parceria estabelecida através de Convênio com o Aquário de Ubatuba.